Após a primeira semifinal do Super 10, o público que esteve presente
no Estádio Municipal de Embu das Artes teve a oportunidade de acompanhar
a grande final da Copa do Brasil de 2012, a segunda divisão nacional.
De um lado o Tornados de Indaiatuba, do interior de São Paulo. Do outro
lado, os potiguares do Alecrim, o alviverde de Natal, reforçados ainda
por alguns atletas da Bahia. E, como esperado, a partida foi muito dura e
equilibrado. A vitória e o título couberam aos paulistas, que
triunfaram por 12 x 6, conquistando mais um inédito título. Com isso, o
Tornados ganhou o direito de enfrentar o BH Rugby, último colocado do
Super 10, valendo a vaga na elite de 2013. O tão aguardado jogo será no
dia 6 de outubro, em Nova Lima, nas proximidades de Belo Horizonte,
Minas Gerais.
As duas equipes começaram o jogo com muita vontade, em busca da maior conquista de suas histórias. A partida começou com bons tackles
e muito contato, sem que as duas equipes encontrassem os espaços
necessários. Logo no início, aconteceu um acidente que resultou num
episódio triste. Após sofrer o tackle, um jogador do Tornados
se chocou com o trilho das câmeras do Sportv, e teve que ser socorrido.
Com a estrutura não sendo necessária para a partida, os atletas se
juntaram para afastar o trilho da linha lateral, enquanto um integrante
da comissão técnica de um dos times discutia com um alto dirigente da
CBRu acerca do ocorrido, num episódio no qual em primeiro plano deveria
ter estado a integridade física dos atletas, por mais importante que
seja o material da emissora. A colisão com o trilho apontou para um
risco, que não havia sido apontado na partida do Super 10.
Depois de alguns minutos de paralisação, a partida retornou com o
Alecrim pressionando os indaiatubanos após o lateral. O Tornados deu o
troco com um belo contra-ataque puxado por Alcino. O time laranja
manteve a bola no ataque e, após um scrum, Peruca encontrou o
espaço para cravar o primeiro try do jogo a favor de Indaiatuba. O tento
foi convertido por Igor, fazendo 7 x 0.
Os potiguares buscaram o ataque, fazendo uso de seu pack. O
Tornados apresentou boa defesa, segurando os periquitos. Os paulistas
cederam um penal, mas o Alecrim preferiu não arriscar o chute, colocando
a bola pela lateral, em busca do try. A jogada saiu muito boa,
mostrando criatividade. O Alecrim levou a bola até seu ponta, que correu
para o try, porém, a jogada já havia sido interrompida por penalidade
cometida pelo time atacante.
Antes do intervalo, o Alecrim arrancou um penal, que Francisco Sanches não desperdiçou, diminuindo o placar para 7 x 3.
Os paulistas iniciaram o segundo tempo superiores, investindo nas ações com seu pack, alcançando
os 5 metros do ataque. O Alecrim se segurou bem na defesa, afastando o
perigo inicial. A pressão laranja foi intensa, com a equipe de
Indaiatuba trabalhando bem a bola, aproveitando a largura do campo e
explorando as pontas. Porém, o time do Nordeste fechou bem sua defesa,
impedindo a conclusão das jogadas do oponente.
Os alviverdes responderam explorando o contra-ataque, após erros da
linha indaiatubana. Os potiguares não conseguiram manter um domínio
territorial, cedendo novo penal no meio para o Tornados, que optou mais
uma vez pelo lateral. Porém, o momento melhor na partida era do time do
Rio Grande do Norte. Com muita inteligência, o abertura Francisco
arriscou um drop goal de longa distância, e foi muito feliz,
reduzindo a vantagem paulista para 7 x 6. Belo lance do Alecrim,
pontuando na hora certa.
A diferença de apenas um ponto animou ainda mais o Alecrim, que
aumentou a pressão sobre Indaiatuba, apostando nos chutes para induzir o
oponente aos erros na recepção. Foi o que ocorreu, e o Alecrim só não
correu para o try por conta de um knock-on após o Tornados
perder perigosamente a bola no campo de defesa. O Tornados mostrou muito
nervosismo nesse momento do jogo, cometendo alguns erros que poderiam
ter sido fatais.
Entretanto, pouco a pouco o time laranja foi se acertando em campo, e
se impôs no último quarto de jogo. Primeiro, os paulistas arrancaram um
penal que, contudo, não foi bem chutado. Na sequência, foi a vez de
Didi ganhar muitos metros em boa investida. A pressão se seguiu, e o
Alecrim teve que se defender quase dentro de seu in-goal, sendo obrigado inclusive a efetuar um touchdown.
A pressão dos Tornados foi premiada aos 70' com o segundo try da
equipe, anotado por Rafael Juck, que correu pela ponta encontrando o
espaço para anotar os pontos cruciais. A conversão, contudo, foi
perdida, e o Alecrim seguiu vivo no jogo.
Apesar de precisarem de um try convertido, os potiguares sentiram a
longa viagem, o ritmo da partida e o poderio do Tornados, e não foram
capazes de uma reação nos minutos finais. Indaiatuba se mostrou superior
na reta final do jogo e seguiu pressionando, com Alcino fazendo nova
grande investida, mas sem novo sucesso. Fim de jogo e vitória merecida
dos Tornados, que souberam aproveitar os momentos favoráveis para
definir a partida, mostrando maior poder de decisão. 12 x 6, e título
paulista na Copa do Brasil.
Com o fim da peleja, o Portal do Rugby conversou com alguns
personagens. Caetano, do Alecrim, exaltou o fato da partida ter sido
equilibrada. "A nossa preparação foi muito boa, o que faltou agora no
jogo foi aquela bola final. Mas, Indaiá mereceu o título". O jogador
ainda valorizou a experiência de jogar em Embu: "foi uma experiência
legal de jogar num evento de grande organização. Sair e jogar fora do
eixo do Nordeste é sempre enriquecedor".
Para Marcelo Amato, o Didi, do Tornados, "o time do Alecrim foi
surpreendente. Isso porque não tinhamos vídeos deles, não tinhamos ideia
do nível deles. Entramos um pouco assustados, por estarmos enfrentando o
desconhecido". Didi exaltou a qualidade do Alecrim, que se mostrou "um
time forte, duro, inovador, rápido, muito bom nos chutes". Para Didi, o
importante foi que "mantivemos bem a posse da bola e, na segunda metade
do segundo tempo conseguimos o controle dos rucks".
Sobre o
título, Didi exaltou que "colocamos na cabeça que iriamos ser campeões
em 2012, e as coisas foram acontecendo. Primeiro, com o Paulista B,
depois veio a Copa do Brasil. Começamos com um duro jogo contra
Londrina, no qual Sandro fez nada menos que 18 pontos. Depois, vencemos
fora de casa o duro time do Charrua. As palavras-chave foram
determinação e superação".
Por fim, o Portal do Rugby ainda conversou com Sami Arap, presidente
da CBRu, sobre a importância da Copa do Brasil. Sami valorizou muito a
segunda divisão nacional, considerando-a "um grande desafio. São equipes
com pouca ou nenhuma infra-estrutura e distantes entre si. Estamos num
país de dimensões continentais, o que dificulta a realização de uma
competição de esporte amador.
Fazemos o possível, o problema do
financiamento do torneio é uma questão a ser equacionada. Estamos
trabalhando para captar mais recursos para a Copa do Brasil, o que é
sempre menos complicado fazer para um torneio de maior visibilidade como
o Super 10. Em 2012, a Copa do Brasil teve uma substancial evolução,
sendo melhor estruturada. O mais importante é o retorno que as equipes
que disputam têm, é um grande estímulo jogar uma competição nacional,
elas voltam para suas cidades com outra cabeça para seguirem se
estruturando. O ideal seria também que elas conseguissem o apoio de
prefeituras e patrocinadores locais, o que ajudaria no financiamento do
torneio".
Fonte: http://www.portaldorugby.com.br/noticia/25-brasil/5651-tornados-e-campeao-da-copa-do-brasil
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